segunda-feira, 22 de abril de 2013

Educar ...Deixar voar!!!!!!

Uma grande preocupação de pais e professores hoje em dia, está no que permitir ou não, para ensinar o melhor caminho para as crianças.
Problemático, realmente, já que há um forte apelo social, empurrando os nossos pequenos(ou não tão pequenos assim), para escolhas nem sempre tão saudáveis e positivas.Como educadores, corremos o risco de perder para a mídia, seja ela qual for.
Então, como proceder?
Dialogando...Sempre...Dividindo experiências que caibam naquele determinado momento...Trocando idéias...Pedindo soluções para as mais diferentes situações...Demonstrando , acima de tudo, amor!
Não é tão fácil quanto parece, bem sei.
A concorrência é grande.A Internet, os games, as facilidades são imensas....Mas nunca devemos desistir de tentar chegarmos o mais perto possível.Não adianta proibirmos...Ás vezes a proibição acaba por fazer o caminho contrário à nossa vontade...suscita curiosidade e vontade de fazer aquilo que é proibido.Isso acontece com os adultos também, por que seria diferente com a s crianças?
É necessário que os valorizemos quando acertam, quando progridem, quando respondem adequadamente a aquilo que os propusemos...É um exercício constante e requer sensibilidade, carinho e atenção.
É necessário que possam voar e isso será maravilhoso se o puderem fazer conosco, ao nosso lado, para que possamos ser o  GPS e isso só acontecerá se eles confiarem em nós...E como se aprende a confiar?Demonstrando coerência em nossas atitudes, naquilo que falamos...e realmente, vivenciamos.
Para todos, bom dia e ótima semana.
Não percam nenhuma oportunidade de estarem com suas crianças!
Beijo no coração de todos...

sábado, 20 de abril de 2013

O COMPLEXO ATO DE EDUCAR



Talvez nossos olhos estejam cansados. Talvez o coração bata aflito por não saber mais o que renovar.
Quem sabe espaços mais arejados? Tecnologia de ponta em todos os ambientes? Criação de todos os nichos que possam existir - cantinho da pintura, casinha da leitura, sala da música, toca da ciência...
O professor tenta arranjar uma forma de chamar a atenção!
Um que leva o violão e dá suas aulas cantarolando; a professora que vai vestida de fadinha; uma que se pinta de borboleta; tem um que vai para a sala descalço; tem quem se atreve a arrepiar os cabelos e se caracterizar de Einstein... e por aí vão cada uma de todas as imaginações que surgem como fórmulas, quase mágicas, na cabeça de todos os mestres.
Mas dei conta que estão todos entorpecidos e acabaram por entrar na engrenagem da desilusão.

Mesmo afastada das salas de aula, recentemente, participei de uma palestra oferecida pela política municipal aos professores da rede. O assunto era a preocupação com o desinteresse em massa dos alunos durante o período que passam na escola.

Ouvi tantas asneiras! Ouvi tantos descasos do poder público em relação a alunos e docentes. Só não ouvi o professor... também não ouvi o aluno. Sim, seria importante ouvir o aluno e o que ele fala sobre a escola, como ele a vê e como ele queria que ela fosso. Isso! Não é utopia, não. Talvez pudesse dar certo.

Sai com infinitas questões e mais um tanto de dúvidas, porque muito se disse e não se disse nada.

Mais uma vez a sensação de que se voltou para a casa de mãos vazias.

Logo que cheguei em casa, depois do banho para relaxar e do café bem quente para restaurar u ânimo voltei-me à reflexão...


Retomei uma conversa anterior com uma das minhas sobrinhas, a Larissa, que hoje está numa universidade. Menina brilhante, tranquila, que possui pensamentos claros desde muito cedo, talvez por conta da criação familiar. Um dia, enquanto fazíamos um bolo, ela com seus 14 anos, me disse "a escola anda chata! Os professores entram, mandam a gente abrir o livro e ficar lendo. Dai ele sai da sala e diz que volta depois, pra tirar as nossas dúvidas. Toda aula é assim. E quando ele fica com a gente ele senta no fundo da sala e cruza as pernas e fica olhando para um lugar que não é a gente, tia!". Perguntei que matéria era, não que se justifique essa atitude para qualquer conteúdo. Acho que aulas são aulas e devem ser transmitidas com entusiasmo e uma sequência plausível. seja ela qual for. Ela respondeu-me que eram aulas de Literatura e que outras vezes era gramática. Sim, o professor fazia eles estudarem gramática lendo sozinhos as teorias e sem uma ligação com a leitura. Depois ela me disse - "Mas não é só um professor que faz isso! São quase todos. Eles, muitas vezes dão os números das páginas ou colocam exercícios na lousa e depois saem na porta para ficar falando um com o outro. E quando agente começa a conversar na sala e o barulho vai aumentando eles ficam nervosos e mandam um monte de nós para a sala da diretora que nos coloca sentados no banco do pátio e gente tem que esperar até as aulas acabarem e daí a gente vai pra casa."

Fiquei chocada, na época ( 5 anos atrás). Mas me veio essa conversa à mente por se tratar da visão de um aluno, no caso minha sobrinha, muito dedicada e interessada que acabava por se desestimular da instituição escolar.

Na palestra que participei ouvi, na hora do cafezinho, duas professoras e um professor, que despejavam para mim, feito loucos, num processo catártico ou numa profunda ebulição, o descaso dos alunos em sala de aula, o desrespeito.


Bem, salas de aulas são movimentadas mesmo. O processo de ensino/aprendizagem requer experimentações, trocas, partilhas - a tão falada e nunca respeitada Zona de Desenvolvimento Proximal, lembra?


Fiquei pensando se esses professores que estavam aturdidos com seus alunos faziam o mesmo que os professores da minha sobrinha faziam - davam comandos e saiam de cena, ou se ficavam na cena não atuavam de acordo.


E mais uma vez concluí o quão complexo é o ato de EDUCAR, sistemática ou assistematicamente.


Veio-me então que - EDUCAR É PRECISO! Mas educar o quê? Quem? Onde? Quando?


A resposta foi ligeira! EDUCAR É PRECISO! Sempre, em todos os lugares. É preciso educar em todos os ambientes, em todos os tempos e idades. É um processo contínuo, vitalício no mundo.


Há que se haver um limite para alunos e professores. Há que se repensar dos dois lados - do lado de quem educa e de quem é educado pela escola. Que por sua vez devemos promover situações que conduzam nosso educandos a fazer o mesmo. 


Realmente, nossos olhos estão cansados e o coração apertado. Chegamos num tempo de transbordo. Muitos desgastes. Inesgotáveis teorias para práticas escassas.


Depois deste texto, talvez não muito consistente e nem tanto pertinente, deixo uma sugestão de leitura que nos ajuda a redimensionar nossos pensamentos - SOBRE EDUCAÇÃO E JUVENTUDE, do sociólogo, Zygmunt Bauman.


Do livro: 

"Qual o papel da educação num mundo em que não há mais visão clara de futuro? Que função devem desempenhar os educadores quando os jovens se defrontam com profundas incertezas quanto à sua sorte e às expectativas de uma vida estável? Atualmente, na era da modernidade líquida, já não são as universidades que formam os profissionais bem-sucedidos. Os valores do mundo de consumo exigem que as pessoas esqueçam hoje o que aprenderam ontem e aprendam hoje o que devem esquecer amanhã. Sendo assim, qual a tarefa da educação nesse universo que dispensa a aprendizagem e desdenha a acumulação de conhecimentos? Neste livro contundente, o renomado sociólogo Zygmunt Bauman reflete sobre o destino dos jovens e o papel da educação e do educador diante do panorama atual da sociedade, traçando para os educadores um novo caminho: fomentar a resistência e o espírito crítico. E prescreve: pela escola que devemos recomeçar."

No mais vamos caminhando, certos de que ainda podemos fazer algo...




terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Quando a escola perde a crediblidade


O que falta?

Falta formação...
Falta espaço físico...
Falta verba...
Falta envolvimento...
Falta interesse...
Enfim, no fim, falta um pouco de tudo.

Com o passar dos tempos tudo vai tomando outros rumos, mas os rumos da EDUCAÇÃO não foram tão bons.

Assistindo a um programa de variedades, ainda esta semana, deparei com um triste fato -  O SISTEMA POLÍTICO EDUCACIONAL PERDE SUA CREDIBILIDADE A CADA DIA QUE PASSA.

Há quem diga que é irreversível e outros que esse quadro pode ser mudado, mas não dizem se, para melhor ou pior.

A verdade é que tudo corre às soltas, o sistema fali e ninguém se posiciona.

Chegamos num tempo em que a ESCOLA seria o último lugar que um pai colocaria seu filho. Isso mesmo! Em entrevista, dada em rede nacional, uma família deu esta declaração e pontuando cada falha da nossa EDUCAÇÃO.

O ambiente escolar se deteriorou de tal forma que não sabemos mais qual é o papel de cada um dentro do ato de EDUCAR.

Revendo então a história da EDUCAÇÃO BRASILEIRA me vejo voltando à época em que os infantes eram educados por um professor dentro dos domínios dos lares e de tantos outros momentos da evolução da escola e de todas as reformas pelas quais passou.

A escola sempre foi uma caixa de ressonância da sociedade. Até um certo tempo ela acompanhava o contexto social, de uma certa forma e de acordo com os governos, hoje, com a GLOBALIZAÇÃO, o caos da sociedade é mostrado na ESCOLA, ou como queiram pensar, incorporou-se à escola. Como estamos num voo cego em relação à sociedade, me parece que a ESCOLA está a acompanhar todo esse caos... só pode ser isso.

É falando  e debatendo sobre isso que podemos fazer algo que transforme este quadro tão pernicioso.
Mas antes precisamos olhar para esta sociedade que prioriza a INFORMAÇÃO e não a FORMAÇÃO.

Creio que ao longo da minha vida de educadora, que foi quase 3 décadas, e assim como muitas outras centenas de milhares de educadores, tive a nítida consciência de que os governos se preocuparam em formar cidadãos que mantivessem o "status quo" e que em nenhum momento estiveram preocupados com educação de FATO, mas até então isto era controlado e meio que "IDEOLÓGICO", porém hoje vejo que a situação saiu do controle e os governantes não estão dando mais conta, devido a rapidez do processo de informação e informatização.

A escola precisa de um upgrade e os governos não acharam o caminho.

O caos foi instalado e há que se dar conta de exterminar as consequências imensas.

A verdade é que os SECRETÁRIOS DE EDUCAÇÃO, MINISTROS, não veem como a gente vê as informações na mídia.
Não querem deixar suas zonas de conforto.

Eu que sou educadora, vi na mídia outro dia, um desenvolvedor de software que só faltava fazer chover.
Então pergunto - por que não existem programas para EDUCAÇÃO neste país, implantados nas escolas, que facilitem e que tornem a escola um lugar real? 
O mundo hoje é informatizado e o ambiente escolar não está acompanhando a velocidade desta transformação.

Então falta sim a sincronicidade entre as políticas públicas educacionais, cada um dos seus setores, de suas esferas, pois os profissionais (professores, diretores, orientadores) que estão encontrando pedras pelo caminho tentam tirar uma a uma, dia após dia e, só não conseguem não por conta da formação profissional, mas por conta do descaso daqueles que se julgam dirigentes e nada dirigem...

Bem, façamos uma reflexão, uma análise concisa do que podemos fazer para melhorar as condições de formação educacional de nossas crianças, já que no final de tudo é preciso apresentar um DIPLOMA para alguém se efetivar no mercado formal de trabalho e abolir a expressão de que " A ESCOLA É UM MAL NECESSÁRIO"  e passar a ser "UM BEM IMPRESCINDÍVEL"


Nota: Texto feito a quatro mãos - Professor Expedito (Profex) e Malu

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

A escola precisa transformar-se cada vez mais em laboratório




Entrevista com Prof. Fernando Becker

IHU On-Line – A partir dos ensinamentos de Piaget e Paulo Freire,  é possível pensar em melhorias para a escola pública? Quais as sugestões dos autores para essa mudança?

Fernando Becker - A escola pública tem muito a aprender e a mudar. A coisa mais fundamental dessa aprendizagem é o seguinte: não se aprende porque se repete. Mas repete-se porque se aprendeu. A repetição só é legítima quando se compreendeu um conteúdo qualquer. A escola continua cometendo esse equívoco de achar que a repetição, por si só, produz aprendizagem, mesmo quando se repete algo que não se compreendeu. Esse equívoco custa muito caro, pois despende as preciosas energias dos alunos que poderiam agir, cada vez com mais autonomia, sobre os conteúdos, potencializando sua aprendizagem, e do professor que as despende com arroubos disciplinares – controle de comportamento –, pois os alunos não suportam repetir o que não lhes faz sentido. Por outro lado, a verdadeira aprendizagem escolar deveria visar o aumento da capacidade de aprender, tão importante nos dias atuais, em não apenas acumular conteúdos; conteúdos freqüentemente inúteis.

Além disso, a escola pública poderia pensar em tentar conjugar, na prática pedagógica e didática, outros verbos, além do verbo repetir, para redefinir sua função didático-pedagógica: fazer, compreender, criar, inventar, sentir, abstrair, experienciar, transformar, desafiar etc. E, inspirada no pensamento de Paulo Freire, conjugar verbos como buscar, indagar, intervir, escutar, dizer, falar, pensar, perguntar, dialogar, mudar, transformar, pesquisar, conscientizar-se, refletir a prática, ousar o novo etc. Só isso já provocaria uma mudança de perspectiva.

IHU On-Line – Qual é a contribuição da obra de Piaget para o estudo da socialização, do simbolismo e da afetividade humana? Em que sentido isso se relaciona com a educação?

Fernando Becker - Além de ter sido professor de Sociologia, na Universidade de Genebra, Piaget escreveu Estudos sociológicos. Nesse livro, afirma que a sociedade não é a soma de todos os indivíduos, mas a soma de todas as relações entre todos os indivíduos. Podemos tirar daí uma conclusão no mínimo perturbadora para o educador: a enorme responsabilidade, positiva ou negativa, que recai sobre o indivíduo enquanto sujeito de relações, no interior de uma sociedade.
Além de várias obras geniais, Piaget escreveu uma que por si só poderia dar-lhe o título de gênio: A formação do símbolo na criança: imitação, jogo, sonho, imagem e representação (3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1978). Lamentavelmente, Vygotski  não conheceu essa obra magistral, pois morreu doze anos antes de sua publicação. Acredito que, se ele tivesse conhecido essa obra, teria se transformado num admirador incondicional de Piaget.

Piaget escreveu também vários textos sobre psicanálise, abordando a questão da afetividade humana, que ele considera a energética das estruturas cognitivas. Sua teorização tem o poder de unificar as duas grandes dimensões constitutivas do sujeito: a cognição e a emoção.

Todos esses aspectos relacionam-se direta e intimamente com a educação. Na medida em que a educação age diretamente sobre a capacidade ativa dos indivíduos, ela redesenha o mapa das relações entre os indivíduos, refazendo o mapa das relações sociais, relações simbólicas constituídas no seio das culturas e, como tais, carregadas de afetividade ou emoção. Ou seja, ela poderá reconfigurar a cultura e a sociedade. Uma educação assim pensada, à base do pensamento de Piaget, fará surgir indivíduos autônomos cujas ações desafiarão a sociedade a produzir, nela mesma, profundas transformações.

IHU On-Line – O senhor disse certa vez que os professores precisam perceber que nada de significativo irá acontecer enquanto eles não romperem com as concepções de conhecimento e de aprendizagem que vigoram nas escolas. O senhor já percebe uma mudança de paradigma positiva nesse sentido? Quais os grandes desafios dos professores do século XXI?

Fernando Becker - Com certeza, a escola tem produzido transformações significativas nessas duas últimas décadas. É claro que estamos muito distantes dos sonhos que sonhamos. Mas os sinais são animadores. E a quantidade de pesquisas feitas em nossos mestrados e doutorados em educação, nas mais diferentes áreas de conhecimento, e as iniciativas transformadoras de práticas escolares que ocorrem em muitos lugares, em todos os níveis de ensino, constituem marcas muito claras de que há algo acontecendo.

O grande desafio do século XXI, pelo menos do início deste século, é o de transformar o ensino na medida do processo de aprendizagem, e esta na medida do processo de desenvolvimento do conhecimento humano. A atividade da escola deve transformar-se a partir do princípio de que o aluno é um centro de atividade, e não um receptáculo vazio a ser preenchido de conteúdos, freqüentemente sem sentido. Simplificando, a escola precisa transforma-se cada vez mais em laboratório, e ser cada vez menos auditório. Os agentes dessa transformação são, em primeiríssimo lugar, os professores. Isso demanda uma formação docente de grande envergadura. O professor precisa aprender a ensinar pela atividade do aluno. O aluno que não age sobre um conteúdo qualquer, não consegue aprender esse conteúdo, muito menos transformar sua capacidade de aprendizagem, ampliando-a. Isto é, uma escola ativa não só ajuda o aluno a aprender, mas a se desenvolver, isto é, a aumentar sua capacidade de aprender; ou, como lembra Piaget, a aprender a aprender. Aliás, Piaget tem muito a dizer para esse processo de formação docente.

Becker é graduado em Filosofia, pelas Faculdades Anchieta de São Paulo, e especialista em Lógica e Metodologia Científica, pela Unisinos. Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), cursou mestrado em Educação, e, na Universidade de São Paulo (USP), concluiu doutorado em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano