sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Sinto pena dessa juventude

 

Este não é um texto sobre educação, mas se lerem nas entrelinhas a falta da mesma será aí encontrada.

Há circunstâncias que não podem ser mudadas pelas pessoas comuns, como as falhas das políticas públicas de educação, mas a mudança também pode e deve vir dos pais e professores do ensino fundamental para que os futuros jovens não se enquadrem no que o professor Antonio, de forma contundente, expõe neste texto.

 

tribos Cedo aprendi que o "sentir pena" não era um bom sentimento, estaria ligado à inação, à incapacidade de aliar a compaixão com a ação de ajuda efetiva. Mas, eu sinto pena dessa juventude, dividida por tribos, assumindo estereótipos e posturas morais que estão distantes das melhores, tentando encontrar caminhos que não os levam a lugar algum.

Sinto pena dessa juventude, quando rapazes e moças dissociam o sexo da contrapartida afetiva, encontrada nas relações construídas, buscando vivenciar emoções que mais tarde verificarão serem efêmeras.

Sinto pena dessa juventude, quando vejo a unidade familiar destroçada pelo abandono dos pais, pela disseminação das drogas, por políticas públicas equivocadas, pela alienação que parece se alastrar de forma epidêmica e pelo uso da vodka com energéticos, que os fazem pular enlouquecidos durante toda a noite, como que em uma dança tribal ancestral, que pudesse afastar os seus medos, sem saberem, que apenas estão conseguindo postergar seus futuros, se tiverem algum, e enfraquecendo os seus frágeis corpos e as suas frágeis mentes.

Sinto pena dessa juventude, exposta a todo o tipo de violência, sem destino e sem remetente, que lhes ceifa as vidas, fornecendo dados às estatísticas que justificarão as suas ausências na vida adulta.

Sinto pena dessa juventude, que escolhe viver as suas orientações sexuais, inseridos em uma sociedade hipócrita e perversa, que finge aceitá-los, para parecerem politicamente corretos.

Sinto pena dessa juventude que se aglomera com esforço em faculdades noturnas, com ensino de péssima qualidade, que não lhes garantirão conhecimento e nem habilidades que os ajudem a ascender profissionalmente.

Sinto pena dessa juventude, que de "vacilo em vacilo”, sai vagando pela vida se colocando nas mãos frias e pegajosas do acaso, e como diria o poeta Luiz Melodia, ainda por cima, " sem o auxílio luxuoso de um pandeiro "

Professor Antonio Carlos Muniz Macedo

Fonte: http://observatoriodaexperiencia.blogspot.com/

Imagem: fashionbubbles.com

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Escola da complexidade

 
complexidade Sempre defendi a máxima “quem educa sempre aprende”. Esse ano, uma aluna, de 15 anos, confessou em uma das redações que propus, que um dos seus sonhos, além de ser médica e conhecer sua banda de rock favorita, era poder seguir a vida sendo ela mesma. Fiquei algum tempo pensando naquela frase, questionando qual seria o nosso papel. Afinal, o que a escola pode contribuir para o autoconhecimento e formação do aluno? Acredito também, que o fato de termos vivenciado a escola de uma determinada maneira, não nos impede de repensar nossa atuação. É fundamental discutir a relação professor e aluno e, consequentemente, o significado da expressão “ensino-aprendizagem”, reconhecer a importância dessa relação e reinventar a escola e o seu papel humano de comunicar e formar pessoas.
Os materiais humanos que temos em mãos, as diversas culturas, personalidades, interesses e vivências compõem um mosaico potencialmente belo e enriquecedor, que sem sombra de dúvidas poderiam conquistar um olhar mais atencioso de qualquer educador. Mas esse caldeirão de possibilidades está fadado a uma terrível dicotomia: os hábitos classificadores estão treinados em rotular os destinados ao fracasso e ao sucesso. Nota vermelha ou azul.
Como resultado dessa ausência de reformulações colhemos uma tensão entre todos aqueles que compõem o cenário educacional. O atual sistema, em muitas situações, ainda impõe aos professores um perfil nada amigável, observado inclusive na própria infraestrutura das instituições educacionais, com seus muros altos, grades, cadeados ou portas fechadas. Não como forma de proteção, mas sim de controle, representado também por proibições do tipo: permissão para ir (ou não) ao banheiro, para não falar “gracinha”, para não se expressar, para se manter sentado (e concentrado). Quem nunca conheceu um professor, que tinha em seu discurso um tom ameaçador? Ameaçar é desmoralizar. Se a ameaça se torna relevante no método de ensino está estagnada qualquer possibilidade de educar. Daí, é natural que os estudantes vejam os "professores" como meros capatazes, reprodutores de conhecimento, e não educadores. O instrucionismo, que não confia no estudante, que não o responsabiliza e não estimula a autonomia, só força o condicionamento e a memorização. Jamais poderá gerar o autoconhecimento, que a minha aluna necessita para que siga em frente sendo ela mesma.
O saber carece de sentido para estar integrado ao conteúdo. Não são os simples conhecimentos que dão sentido à vida e estimulam o interesse na escola, mas o valor empregado nesses processos de aprendizagem e contextualizações humanas. Não podemos continuar insistindo em velhas fórmulas defendidas ainda com paixão, mas que colocam uma divisão entre o saber da vida e o pedagógico, deixando os estudantes à mercê de um discurso carente de sentido para eles. Afinal, qual é o sentido de acomodar essas deficiências?
Muito ainda se deve discutir e propagar sobre as implicações das nossas ações em um ambiente de aprendizagem. Compreender e pensar sobre novos sentidos e dimensões, novas tentativas. Vamos refletir para além das burocratizações profissionais necessárias, trazer à tona o que é importante para a prática docente questionando quais os atributos possuímos para melhorarmos nossa atuação como mediador, a fim de para alcançar novas dimensões para a sala aula.
Aqui, o trailler do filme “Entre os Muros da Escola” (que venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2008). Retrata bem o tema abordado. É a história de um professor que se vê diante de uma turma de alunos bagunceiros e acredita que conseguirá “domá-los”, mesmo que seus colegas professores tentem desanimá-lo. Entre esses alunos estão estereótipos facilmente identificáveis: o menino que tem problemas com os pais, aquele outro que é mais tímido, uma garota que é a porta-voz da turma, o bagunceiro de plantão, e por aí vai. Indico que o assistam na íntegra.
Cleide Monteiro
Imagem: complexidade.ning.com


segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Educação é um processo dinâmico!

Sempre vi a educação como algo mutante, dinâmico, crescente. Com esse pensamento fui alvo de críticas, por querer trazer mudanças ao que há muito tempo já vinha sendo feito.
Talvez porque, apesar da intensa adrenalina, aprecio desafios, novidades, ares novos. Discuto modelos pré-existentes: o ser humano é complexo demais para ser analisado sob um único método padronizado. Parto dessa ideia quando analiso também a educação.
Como educadores, temos que ver à nossa frente, um ser pensante, influenciado pela cultura que traz do meio em que vive, com elementos psíquicos próprios e muitos outros detalhes que o diferenciam uns dos outros  numa classe, por exemplo. Dessa forma, há de se ter um olhar específico para cada aluno. Sem contar que cada um tem sua própria maneira de expressar-se a respeito de qualquer estímulo.
Mas como ter essa postura sensível e abrangente em nossa sociedade? Seu trabalho é exaustante, mal remunerado, não reconhecido pelos governantes, pelas famílias.....? Mesmo com toda essa problemática que envolve aspectos nada educacionais, o educador deve ser o gerenciador de mudanças e reafirmo que para que ocorram, é imprescindível uma postura desafiadora, interessada, questionadora, aberta à aprendizagens!
Temos que observar o que gera progresso no processo educacional. Analisar currículos, programas, métodos de avaliação... Temos que, para isso, trazer o aluno para mais perto de nós, conhecê-lo melhor para propor um aprendizado eficaz e efetivo. Podemos errar, mas temos que tentar.
Avaliações, provas... O que estamos medindo? Um exame é capaz de registrar exatamente o que o aluno sabe?
Com minhas turmas, em qualquer série em que atuei, costumava fazer anotações de cada progresso individual; a participação oral durante apresentação de trabalhos, envolvimento em pesquisas, respostas espontâneas, argumentação frente às mais diversas situações, trabalhos em grupos ...enfim, diariamente tinha o perfil do aluno e essas anotações , junto com o que chamava de exercícios com nota (provas para outros), davam-me critérios para avaliar os alunos.
Outra questão que levanto, é sobre o que fazer para que os alunos atinjam as metas curriculares. Como motivá-lo?
Onde trabalhei com currículos adaptados, tínhamos propostas individuais de acordo com as necessidades. Os alunos ficavam após as aulas normais . Mesclávamos aprendizado com as matérias específicas e atividades lúdicas pertinentes ao que se estava trabalhando. Esse trabalho proporcionava ótimos resultados.
Finalizando, não basta preocuparmo-nos apenas com a programação curricular. Educar é um processo amplo, dinâmico, integrado...Temos que estar dispostos a recomeçar sempre e ter a humildade de nos posicionarmos como mediadores entre alunos e aprendizado, procurando adequar-nos ao processo individual de cada educando.

http://elosdosaber.blogspot.com

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Blue School

Blue school  

Sei que no Brasil existem escolas que utilizam métodos pedagógicos mais condizentes com o que propõe a Educação Proibida, mas hoje lhes trago um exemplo do que já existe nos Estados Unidos. Esta é apenas uma das escolas que por lá já vem trabalhando de uma forma mais progressista e voltada para o desenvolvimento integral do aluno.

Blue School

A Blue School abriu no outono de 2006 com o sonho de criar uma experiência alegre, educacional e integrada para as famílias de nossa comunidade e além. Nosso belo edifício novo na Water Street em Manhattan permite à nossa inspirada equipe de professores e administradores servir crianças da idade de 2 anos ao 5° Grau e ter uma base permanente a partir da qual podemos compartilhar o aprendizado com educadores de todo o mundo.

Ao longo de sua jornada na Blue School, as crianças desenvolvem uma compreensão profunda de si mesmas como aprendizes. Como elas exploram o mundo ao redor e dentro de si mesmas, elas adquirem instrumental e motivação interna para perseguir as suas ideias e dúvidas com profundidade e amplitude incomum. Elas estão acostumadas a levar o seu ponto de vista único para os desafios não só acadêmicos, mas também sociais e tem o apoio de que necessitam, dentro da comunidade, às suas grandes chances e de ter sucesso ou não com todo o empenho e humor.

Abordagem

Na Blue School é adotada uma abordagem criança-todo que não apenas identifica o forte vínculo entre todos os domínios do desenvolvimento, mas também reconhece que todos são parte do processo de desenvolvimento curricular. Cada criança se desenvolve entre e dentro dos domínios sócio-emocional, cognitivo e físico de forma única e individualizada. É importante identificar onde cada criança está no processo, a fim de satisfazer as suas necessidades e nível de sua aprendizagem de maneira a apoiar o seu percurso educativo e objetivos de vida.

É implementado um sistema integrado e emergente de, currículo centrado na criança, onde as áreas de conteúdo do mesmo são integradas e interdependentes. Tópicos curriculares emergem dos interesses das crianças e são usados para desenvolver projetos que atingirão o nível do modelo-padrão. Por exemplo, quando engajados em um projeto de uma única classe, as crianças desenvolvem habilidades de alfabetização por meio de resolução de problemas, raciocínio e habilidades de compreensão, e ampliam seu vocabulário enquanto exploram o uso da linguagem. Através deste mesmo projeto as crianças desenvolvem habilidades sociais, tais como troca de liderança, construindo autoconfiança. Elas também usam observação, previsão e reflexão e toda a ciência básica e necessária de matemática. Aprendizagem é integrada em todo o conteúdo e se aprofunda com a integração dos professores especializados.

Um currículo centrado na criança foca e é projetado para atender às necessidades individuais das mesmas. Identifica as necessidades de desenvolvimento, as habilidades, os interesses e os estilos de aprendizagem. O professor é um facilitador da aprendizagem em vez de um diretor. As crianças socialmente co-constroem conhecimento uns com os outros e com os adultos e o desenvolvimento da criança é parte integrante deste contexto social. As crianças são participantes ativos na sua própria aprendizagem e o currículo emerge do interesse, do conhecimento passado, e das experiências das crianças e professores. A aprendizagem torna-se um processo ativo e focado mais sobre o aluno ao invés de sobre o tema ou lição a ser ensinada.

Os professores usam a observação, reflexão e avaliação para identificar o perfil de desenvolvimento de cada criança. Os perfis de desenvolvimento então conduzem o conteúdo curricular, estratégias de ensino e diferenciação de instrução. Isso é referido como um modelo recursivo de planejamento.

Os professores utilizam esses perfis de desenvolvimento em conjunto com cada série de graus do modelo padrão, o escopo e a seqüência e as expectativas de desenvolvimento para se engajar na avaliação dinâmica que ocorre no momento. Professores usam observações, notas de campo, fotografias, portfólios e outras formas apropriadas de documentação feitas por eles e pelos alunos para refletir a aprendizagem que está ocorrendo. Esta informação é então ligada com o modelo de currículo para individualizar, projetar e implementar o currículo que vai dar suporte e níveis de aprendizagem para todas as crianças e alcançar os objetivos individuais e os do nível do grau em que estão.

A abordagem e sua implementação são baseadas em pesquisas, experiências passadas e sólidas teorias educacionais. Blue School, no entanto, também é um ambiente único que incentiva, apóia valores e promove a exuberância, a alegria da aprendizagem, criatividade, perseverança, espírito brincalhão, a verdadeira integração e comunidade. A abordagem fornece uma forte fundação social-emocional para a aprendizagem, incentiva processo versus produto e permite que as crianças sejam livres para serem elas mesmas enquanto exploram e se conectam com o assunto de uma forma que os motiva e utiliza seus estilos de aprendizagem.

Fonte: http://www.theblueschool.org/

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Projeto Imagine it! (imagine-o!)

imagine

É, o mundo está caminhando a passos largos para uma mudança de conceitos e paradigmas. Na educação vejo que já se faz tarde para uma mudança, mas antes tarde do que nunca.

Esta é uma organização sem fins lucrativos que tem como missão inspirar você a imaginar o mundo como um lugar melhor e então envolver-se em solucionar desafios para si mesmo, sua comunidade e seu mundo.

O que eles fazem? Promovem pensamento criativo.

Acreditam que a criatividade e a imaginação são a esperança para um futuro positivo.

Por que? Porque agora é um ponto de inflexão na história humana de mudança aparentemente incontrolável quando o cruzamento de problemas globais, um decréscimo alarmante do interesse dos alunos em ciência e tecnologia e uma "crise de criatividade" convida professores e pais, líderes empresariais e do governo para capacitar os ativos incalculáveis do engenho humano para tornar o mundo um lugar melhor, mais seguro e mais próspero para todos.

O Projeto Imagine-o! é uma comunidade global de professores, pais e alunos que reconhecem que:

- pensamento criativo pode mudar o mundo,

- imaginação em ação é uma força poderosa,

- problemas têm de ser resolvidos agora,

- uma única pessoa pode fazer a diferença.

O projeto disponibiliza vídeos para professores, porém todos em inglês.

Alguns envolvidos no projeto:

MIT

Pixar Animation Studios

Smithsonian Institution

Stanford University

Blue Man Group

FIRST Robotics

Intel

Licoln Center Institute

National Academy of Engineering

National Teacher’s Advisory Council

NewSchools Venture Fund

X PRIZE Foundation

Grupo de peso, não?

Fonte: http://www.imagineitproject.com/

terça-feira, 18 de outubro de 2011

A educação infantil na era da internet, uma reflexão

image Se eu fosse criança, talvez pudesse prestar mais atenção sobre a frase dita por Steve Jobs, em 12 de junho de 2005, aos formandos da Universidade de Stanford nos EUA: “Stay Hungry. Stay Foolish”. Perceberia que a fome a que o gênio dos dispositivos tecnológicos se referiu é a de conhecimento, e quando disse “stay foolish”, talvez sugerisse aos jovens “nunca deixem de sonhar, acreditem nas suas ideias mais loucas”.

Conectadas: conteúdo que vem da mídia ajuda a decidir o futuro das crianças. Se eu fosse criança, num mundo com tantas máquinas maravilhosas a desafiar minha curiosidade e inteligência, perguntaria: para que tudo isso serve? O que sou capaz de fazer com tantas inovações? O que posso transformar com tudo isso que me convida a mudar, evoluir?

Se eu fosse criança, talvez dissesse aos adultos que eles deveriam agir com mais maturidade em relação a todos estes novos brinquedos tecnológicos que não cansam de brotar de tantas mentes geniais, como John Baird, Steve Jobs, Mark Zuckerberg, e tantos outros revolucionários criativos que, com suas parafernálias midiáticas, encantam, seduzem, hipnotizam e, muitas vezes, transformam a todos num bando de seguidores de vaga-lumes eletrocibernéticos.

Conectadas: conteúdo que vem da mídia ajuda a decidir o futuro das crianças

Se eu fosse criança poderia confessar aos meus pais que internet vicia. TV vicia. Jogos eletrônicos viciam também. Que eu sou completamente mídiaviciado. Que embora não tenha sido muito justo ter me deixado com as babás eletrônicas, eu não culpo ninguém por isso. Talvez eu contasse a eles que TV e internet são capazes de oferecer muito mais do que notícias e diversão. Porque toda criança é capaz de entender à sua maneira o que vem da TV ou da web e atribuir significado a tudo. E quando uma criança dá novo significado ao que consome pela mídia, imediatamente, em tempo real, transforma esses conteúdos em educação.

Se eu fosse criança, não esconderia de ninguém que o conteúdo que recebemos da mídia ajuda a constituir o que seremos no futuro. Então, eu daria um jeito de contar a todo mundo que, em muitos países, como na Áustria e no Reino Unido, por exemplo, muitos professores já descobriram que é importante mídia-alfabetizar na escola, para que todas as crianças e adolescentes possam aprender a compreender criticamente a mídia. Se lá, as crianças aprendem a selecionar o que vem da TV e da internet, pode ser que aqui também funcione. Eu contaria que, para essas pessoas, liberdade de expressão é um princípio sagrado, liberdade de imprensa é um direito fundamental, mas, o que é oferecido pela mídia às crianças também é responsabilidade do Estado, que deve assegurar a maior de todas as liberdades: a liberdade de escolha.

Se eu fosse criança pensaria em contar ao meu melhor amigo que às vezes eu também me sinto mídia. Tipo mídia-menino com alma digital e segunda vida na web.

Se eu fosse criança diria ao meu professor que eu não quero trocar o livro pelo tablet. Quero os dois. Explicaria que eu quero aprender mais sobre ciberespaço, inteligência coletiva e tudo que me faz gostar tanto de assistir TV, acessar o Second Life, jogar no Facebook, falar no MSN e mandar mensagens pelo celular, tudo ao mesmo tempo, triturado e junto.

Se eu fosse criança, tentaria convencer os adultos que não basta a tecnologia da informação mudar o mundo. É preciso decidir o que fazer com ela. Me esforçaria para fazê-los aceitar que, daqui pra frente, vou estar cada vez mais ligado, antenado, conectado, ciberespacializado. E que eles precisam decidir que tipo de educação vai ser midiatizada para todos nós.

Agora, como não sou mais criança, faço da mídiaeducação uma profissão de fé, para que pais, professores e gestores da educação incluam permanentemente a alfabetização para os meios no cardápio literário do público infanto-juvenil; para que se ampliem os benefícios oriundos do conteúdo positivo da TV e internet; para que o lixo midiático seja reciclado pelos próprios midiacidadãos; para que a tecnologia da informação e os novos recursos digitais estejam, cada vez mais, em comunhão com a formação de cidadãos críticos e esclarecidos. Crianças, sejam famintos, mas, jamais sejam tolos.

Wagner Bezerra é Publicitário, midiaeducador, diretor de programas educativos para TV. Autor do "O Segredo da Caverna - A Fábula da TV e da Internet”; Cortez Editora, 2011 -http://www.jb.com.br/cultura/noticias/2011/10/12/a-educacao-infantil-na-era-da-internet-uma-reflexao/

Fonte: http://educacaonobrasil2011.blogspot.com/

Imagem: hardware.com.br

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Novo olhar sobre a Matemática

por Paulo Henrique Gadelha /Abril 2011

matemática Historicamente, a Matemática foi concebida como uma ciência hermética e desinteressante. É comum escutarmos relatos de experiências traumáticas quando o assunto em questão é o aprendizado da disciplina. Seria possível, então, estudar os conteúdos matemáticos de uma forma alternativa e atraente, tornando-os inteligíveis para os alunos e eficiente para o professor?

Para essa indagação, o professor João Batista do Nascimento, da Faculdade de Matemática do Instituto de Ciências Exatas e Naturais (ICEN) da Universidade Federal do Pará (UFPA), não titubeia em afirmar que sim. A resposta tem respaldo na metodologia criada pelo próprio docente: o uso do teatro na aula de Matemática.

De acordo com o professor, a didática consiste em trabalhar os conceitos dessa área de conhecimento de uma maneira em que os alunos possam assimilar os conteúdos de forma lúdica e prazerosa. “Com o auxílio do teatro, a criança vai perder o medo da Matemática e passar a ter uma nova visão sobre a disciplina, pois a linguagem teatral tem o poder de despertar os nossos sentimentos e emoções. Dessa forma, após vivenciar no palco o que sempre foi considerado enfadonho, o aluno vai ter mais sensibilidade para aplicar a Matemática no seu cotidiano”, afirma o professor João Nascimento.

Com o primeiro resultado prático de sua metodologia, o professor criou, em 2003, o Projeto de Extensão “Atividades de Matemática para 3ª e 4ª séries”, o qual vigorou durante aquele ano na UFPA e contou com a ajuda de quatro alunos que cursavam Licenciatura em Matemática na Universidade, na época. A iniciativa recebeu, ainda, apoio do Clube de Ciências do Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento da Educação Matemática e Científica (NPADC), atualmente Instituto de Educação Matemática e Científica (IEMCI), e da Faculdade de Matemática.

As atividades da iniciativa aconteciam aos sábados no Clube de Ciências. Nesses encontros, crianças do bairro Guamá entravam em contato com a Matemática não só por meio de peças de teatro, mas também por utilização de jogos e outras brincadeiras. Essas dinâmicas, segundo João Nascimento, são eficientes, pois contribuíam para uma melhor fixação dos conteúdos.

Espetáculo conta origem das figuras geométricas

Após essa experiência, o professor pensou em criar um espetáculo teatral que pudesse consolidar o seu trabalho. Então, João Nascimento elaborou a proposta da peça chamada “De ponto em ponto formamos...”, na qual os personagens representam elementos da Geometria Plana. O objetivo era discorrer a respeito dos conceitos básicos desse tópico da Matemática, tudo de forma informal e bem humorada.

A peça era dividida em cinco atos: OH! Sujeito quadrado! (ato 1); Triângulo Amoroso (ato 2); Círculo Vicioso (ato 3); Tem que andar na linha (ato 4); Ponto Finalmente (ato 5). No momento das encenações, os personagens (elementos matemáticos) se apresentavam, explicavam suas funções e peculiaridades contracenando uns com os outros. A proposta foi apresentada em instituições de ensino superior no Pará, adequando o conteúdo à realidade local. No Campus Universitário do Baixo Tocantins (CUBT) da UFPA, em Abaetetuba, isso aconteceu durante a realização da disciplina Fundamentos Teóricos e Metodológicos para o Ensino de Matemática, ministrada pelo professor Aubedir Seixas Costa, que também desenvolveu o trabalho nos municípios de Breves, Tailândia e Concórdia do Pará.

A metodologia foi batizada de “Matemática e Teatro – da construção lúdica à formalização”. A forma alternativa de ensinar Matemática ganhou notoriedade na mídia local, nacional e até internacional, sendo divulgada em Portugal.

Modelo tradicional é deficiente e ultrapassado

Apesar de defender com afinco o seu método, o professor mostra-se cético quanto a possíveis mudanças no modelo tradicional de se ensinar a ciência na rede básica, o qual ele considera extremamente deficiente e ultrapassado. Um problema que não se restringe ao Brasil, “o ensino de Matemática praticado aqui é de péssima qualidade. Essa realidade ultrapassa as fronteiras do País e se estende por toda a América Latina. É premente a necessidade de melhorar o ensino. Não adianta mais o professor apenas se limitar a escrever uma definição no quadro e o aluno copiar. E para atingir a qualificação esperada, o docente precisa buscar novos métodos. Porém não vejo uma movimentação intensa nesse sentido”, declara João Nascimento.

Para o professor, um dos fatores que contribuem para essa realidade é a concepção de que o aluno da rede básica não faz ciência. “Isso é falso. Eles produzem ciência tanto quanto quem está na universidade. Agora, é claro que existe uma diferença na densidade da produção. Isso é natural. Mas a produção do ensino básico não deixa de ser científica por ser menos complexa”, considera.

O próximo desafio de João Nascimento é produzir um livro que contemple todo o histórico da sua metodologia, para auxiliar estudantes e professores. A obra deve conter as dinâmicas envolvendo teatro e também poesia, música e outras vivências. O projeto já tem título “Matemática para Aprender e Ensinar”. Faltam alguns detalhes para a publicação, no entanto o professor já usa o esboço do material para auxiliar alguns colegas que têm interesse no trabalho.

“Não consigo visualizar grandes mudanças. Porém continuo insistindo em relacionar o teatro com a Matemática. Quero que as crianças não se limitem a aplicar o conhecimento em um papel frio de prova, mas possam defender o seu saber com todos os recursos e emoções disponíveis”, finaliza João Nascimento.

Fonte:

http://www.ufpa.br/beiradorio/novo/index.php/leia-tambem/124-edicao-93--abril/1189-novo-olhar-sobre-a-matematica

foto Acervo do Pesquisador

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Programa Ler para Crescer

lercrescer Este é um Programa que merece ser copiado e difundido pelo Brasil todo: estimular e proporcionar a leitura para os nossos jovens estudantes nesta época em que o conhecimento de nossa língua pátria está num nível tão crítico.

Aqui vão nossos parabéns aos idealizadores e responsáveis por esse Programa.

Programa Ler para Crescer

É um programa do jornal Folha da Região, de Araçatuba, que nasceu em 1994 associado ao Programa Jornal e Educação da ANJ - Associação Nacional dos Jornais.

Consiste em uma série de iniciativas comprometidas com a promoção da leitura e da escrita entre os estudantes - de todos os níveis - da cidade e região. Tratam-se de cursos, concursos, palestras, seminários, visitas monitoradas, distribuição gratuita de exemplares, entre outras ações.

Com o objetivo de informar para melhorar a sociedade onde se está inserido, o programa desenvolve iniciativas educativas para formar leitores críticos - por meio do fomento ao acesso à informação - e ajudar na construção da cidadania e participação social do público leitor. Nesse processo, é auxiliado por empresas socialmente responsáveis, que financiam parte do trabalho.

Com este trabalho, a Folha da Região auxilia no aprimoramento da expressão oral e escrita, amplia e dá significado aos conteúdos escolares, estimula o pensar integral, desenvolve a reflexão crítica, possibilita uma melhor compreensão da realidade e estimula a atuação efetiva de educadores e educandos no contexto social, tudo isso aliado ao fomento à educação e cidadania ativa.

Comprovadamente, o jornal é um recurso educacional e pedagógico. Quem afirma isso são as centenas de professores que já passaram pelos cursos de capacitação promovidos (gratuitamente) pela Folha da Região ao longo desses anos.

Entre as metas do Ler para Crescer estão:

1. Contribuir para que os cidadãos da região de Araçatuba atinjam um domínio mais pleno de leitura, escrita e interpretação,

2. Ajudar na democratização da informação trabalhando seu acesso e pluralidade como direito cidadão fundamental à construção do conhecimento, tomada de decisão, autonomia e exercício pleno da cidadania,

3. Associar a leitura de jornais a uma dimensão mais ampla de leitura, a fim de estimular o prazer de ler e a construção de conhecimento,

4. Fomentar o acesso ao veículo jornal, difundindo junto aos públicos atingidos, as diversas linguagens deste meio de comunicação, sua estrutura, natureza e lógica jornalísticas, bem como sua importância no conjunto das forças e mediadores sociais,

5. Contribuir para a dinamização do currículo escolar como um todo, apresentando o jornal seus conteúdos, linguagens e gêneros textuais como um suporte ao desenvolvimento de processos inovadores, criativos, atraentes e atuais de ensino-aprendizagem.

Responsáveis pelo Programa na região de Araçatuba:

Marcos Jornas da Silva - administrador de empresas com especialização em marketing aplicado ao consumo. É gerente de circulação da Folha da Região, responsável pelo desenvolvimento de parcerias com empresas para apoio e viabilização do Ler para Crescer.

Ayne Regina Gonçalves Salviano - bacharel em Comunicação Social - Jornalismo, mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC São Paulo, especialista em Metodologia Didática do Ensino Superior. Professora de redação no ensino médio da rede particular de ensino de Araçatuba e de cursos de graduação e pós-graduação nas áreas da comunicação e jornalismo. Educomunicadora. Coordenadora do Programa Ler para Crescer da Folha da Região desde 2010. Capacitadora nos cursos de formação continuada para professores.

Fonte: http://www.lerparacrescer.folhadaregiao.com.br/

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Pedagogia Waldorf

 

Waldorf A Pedagogia Waldorf foi introduzida por Rudolf Steiner em 1919, em Stuttgart, Alemanha, inicialmente em de uma escola para os filhos dos operários da fábrica de cigarros Waldorf-Astória (daí seu nome), a pedido deles. Distinguindo-se desde o início por ideais e métodos pedagógicos até hoje revolucionários, ela cresceu continuamente, com interrupção durante a 2ª. Guerra Mundial, e proibição no leste europeu até o fim dos regimes comunistas. Hoje conta com mais de 1.000 escolas no mundo inteiro (aí excluídos os jardins de infância Waldorf isolados).

As escolas Waldorf sempre foram integradas da 1ª à 8ª (ou 9ª) séries e até a 12ª quando possuem o ensino médio, de 4 anos. Não há repetições de ano e nem atribuição de notas no sentido usual.

Uma das principais características da Pedagogia Waldorf é o seu embasamento na concepção de desenvolvimento do ser humano introduzida por Rudolf Steiner. Essa concepção leva em conta as diferentes características das crianças e adolescentes segundo sua idade aproximada. O ensino é dado de acordo com essas características: um mesmo assunto nunca é dado da mesma maneira em idades diferentes.

Ela é uma pedagogia holística em um dos mais amplos sentidos que se pode dar a essa palavra quando aplicada ao ser humano e à sua educação. De fato, ele é encarado do ponto de vista físico, anímico e espiritual, e o desabrochar progressivo desses três constituintes de sua organização é abordado diretamente na pedagogia. Assim, por exemplo, cultiva-se o querer (agir) através da atividade corpórea dos alunos em praticamente quase todas as aulas; o sentir é incentivado por meio de abordagem artística constante em todas as matérias, além de atividades artísticas e artesanais, específicas para cada idade; o pensar vai sendo cultivado paulatinamente desde a imaginação dos contos, lendas e mitos no início da escolaridade, até o pensar abstrato rigorosamente científico no ensino médio. O fato de não se exigir ou cultivar um pensar abstrato, intelectual, muito cedo, é uma das características marcantes da pedagogia Waldorf em relação a outros métodos de ensino. Assim, não é recomendado que as crianças aprendam a ler antes de entrar na 1a série. Sobre a necessidade do brincar infantil no jardim-de-infância, veja-se o artigo "Crisis in the Kindergarten: why Children Need to Play in School" editado pela Alliance for Childhood. Para as caracterizações sucintas do desenvolvimento infantil e juvenil em períodos de 7 anos, os setênios, base fundamental da pedagogia, vejam-se os artigos de Sonia Setzer sobre educação e drogas e o de Sonia Ruella. Como o computador força um pensamento lógico-simbólico, nenhuma escola Waldorf digna desse nome utiliza essa máquina, sob qualquer forma, antes do ensino médio (9ª série na seriação Waldorf).

As escolas Waldorf são totalmente livres do ponto de vista pedagógico, pertencendo em geral a uma associação beneficente sem fins lucrativos. Idealmente, a administração escolar é feita pelos próprios professores (veja-se texto de Rudolf Steiner a esse respeito). Cada escola é independente da outra: o único que as une é o ideal de concretizar e aperfeiçoar a pedagogia de R.Steiner, visando formar futuros adultos livres, com pensamento individual e criativo, com sensibilidade artística, social e para a natureza, bem como com energia para buscar livremente seus objetivos e cumprir os seus impulsos de realização em sua vida futura. O amor que os professores Waldorf devem desenvolver pelos seus alunos e o conhecimento profundo que eles adquirem de cada aluno são outras características fundamentais da pedagogia. Por exemplo, idealmente durante os 8 anos do ensino fundamental cada classe tem um único professor que dá todas as matérias principais, isto é, fora artes, artesanato, educação física e línguas estrangeiras (em geral duas, nos 12 anos de escolaridade). No ensino médio há um professor que, durante os 4 anos, assume o papel de tutor da classe. O médico escolar tem nas escolas Waldorf um papel fundamental de apoio médico-pedagógico aos professores e deve conhecer profundamente a pedagogia.

Nos Estados Unidos, as melhores universidades costumam aceitar com preferência os ex-alunos Waldorf, pois sabem que se trata de jovens diferenciados, com uma vasta cultura, com capacidade de concentração e aprendizado, e alta criatividade. Nesse país, que tanto se caracteriza pela praticidade de seu povo e pela liberdade de ensino, houve nos últimos 30 anos uma explosão de escolas Waldorf, que passam hoje em dia de uma centena.

No Brasil há 25 escolas Waldorf ou de inspiração Waldorf (sem contar jardins de infância isolados), sendo 4 em S.Paulo (3 com ensino médio). A mais antiga, existente desde 1956, é a Escola Waldorf Rudolf Steiner de São Paulo, que tem cerca de 850 alunos e 75 professores. Agregado a ela há o curso mais antigo de formação de professores Waldorf no Brasil, reconhecido oficialmente. Em 2010, segundo o site da Federação das Escolas Waldorf no Brasil, há um total de 73 escolas Waldorf reconhecidas por ela, com 2050 professores e 2500 alunos de jardim de infância, 4180 alunos no ensino fundamental, 580 no ensino médio.

No Brasil, espera-se que os formados no ensino médio ainda façam um semestre ou um ano de cursinho para entrar nos cursos superiores mais concorridos, se bem que tem havido muitos casos de aprovação no vestibular nas melhores universidades, sem cursinho. Em geral, os ex-alunos entram em faculdades de procura média sem necessidade de preparo adicional.

Fonte: http://www.sab.org.br/pedag-wal/pedag.htm

Imagem: cerebropedagogico.blogspot.com

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Princípios fundamentais do Projeto Educação Proibida

 
fundamentos Viver é Crescer
É fundamental compreender a importância do crescimento, pois sem crescimento não existiria a educação, já que seu papel é o de acompanhar o crescimento e o desenvolvimento. A vida é crescimento físico (multiplicação celular), emocional (vivências, experiências, maturação) e mental (aprendizagem, entendimento, compreensão). A vida se nutre do crescimento, entendido como aprendizagem, desenvolvimento e construção de um ser em todos os aspectos. Tanto os adultos como as crianças estão em constante crescimento, tudo o que nos acontece é parte de nossa educação. Aprendemos em casa, na escola, no escritório. As crianças estão crescendo o tempo todo, e todos os momentos que vivem são importantes e valiosos em seu desenvolvimento.
O Objetivo é o Processo
Tudo é um processo que contribui para o crescimento. Nós gastamos séculos procurando felicidade no futuro, quando o princípio da vida é viver feliz. A vida se desenrola de acordo com diferentes fases, com diferentes necessidades e, respeitando esses processos vivos, as aprendizagens são mais eficazes, mais vivas. Depositemos a nossa atenção no caminho, no trajeto e na aprendizagem. Quando os processos são completos e autênticos, os resultados são sempre positivos porque desses processos aprendemos, nos desenvolvemos, crescemos.
A vida não pode se desenvolver pensando-se no futuro, são os processos que respondem às necessidades e interesses presentes no crescimento. Procuremos introduzir na educação o respeito pelos processos de desenvolvimento humano através da aprendizagem ativa, da experimentação, de encontrar o sabor e a diversão do conhecimento e da vida. Que cada dia seja único e irrepetível, uma nova etapa em nossa jornada. O objetivo é o processo, não o fim.
Tomada de Consciência
É essencial que como pessoas e educadores comecemos a caminhar rumo a uma educação consciente. Para isso é importante nos perguntar por que educamos, como o fazemos, por que tomamos decisões que nos motivam a cada passo.
O método de investigação científica implica em conhecer o objeto de estudo, neste caso o homem, a criança, a vida. Nós precisamos conhecer as crianças, conhecer ao homem. Em um nível geral, seus processos de desenvolvimento, sua natureza, suas necessidades e a nível particular, sua história, seus interesses, suas habilidades, suas emoções. Só conhecendo a criança poderemos ajudá-la em seu processo de desenvolvimento e educação.
Liberdade implica Autonomia
O homem nasce livre e vive com o desejo de aprender, está absorvendo conhecimento do ambiente o tempo todo. O ser humano constrói a si mesmo, todas as informações necessárias para o seu desenvolvimento estão dentro de você, esperando o momento certo e o ambiente ideal para se expressar plenamente. A liberdade é o quadro onde se desenvolve a vida, a autonomia é a essência que expressa as necessidades vitais de cada ser humano. A melhor maneira de alcançar um mundo onde todos são livres para pensar e fazer por conta própria, é experimentando o controle da própria vida, a independência, o respeito pelos nossos processos.
Somos Únicos e Irrepetíveis
A diversidade existe em todos os seres vivos, cada um nasce e se desenvolve com um padrão único que nos torna diferentes. Isto significa que temos ritmos e formas de vida diferentes, condições, capacidades, interesses, histórias diversas.
Vamos começar a considerar que todas as variáveis são importantes na hora de aprender, podemos aprender de diferentes, formas, maneiras e tempos. Tudo à nossa volta nos faz aprender, a escola, a família, a comunidade, os amigos, os meios de comunicação. Há uma educação para cada um de nós, uma maneira de ver o mundo diferente, um ritmo de desenvolvimento único.
Abertura à Mudança
A vida segue em uma ordem de constante mudança e desenvolvimento, a própria natureza é regulada por este princípio de transformação. Os processos que atravessamos dia a dia nos motivam à mudança e ao crescimento. A história da humanidade mostra que cada crise é uma oportunidade e a abertura à mudança é um fator essencial para o êxito do desenvolvimento de uma pessoa e da sociedade.
Hoje o mundo está enfrentando processos de mudança muito fortes em todos os aspectos e é necessário nos abrirmos a essas mudanças. Nestes tempos a educação em todo o mundo está em uma crise única em sua história. Embora tenha mudado ao longo do tempo, hoje a educação formal não está satisfazendo as necessidades do mundo em que atua. O paradigma educacional dominante nos últimos 200 anos precisa transformar-se para os tempos atuais.
A mudança envolve conflito, definitivamente acarreta numa crise, mas é também uma oportunidade de aprendizagem e desenvolvimento. A abertura à mudança é vital para o crescimento. A educação pode aplicar a abertura à mudança sendo mais flexível, deixando o dogma e transformando-se em uma escola viva, que cresce com o passar do tempo e das pessoas.
Amor e Cooperação
O amor implica conhecer-se, valorizar-se, compreender-se, aceitar-se e respeitar-se. Respeitemos a todos e cada um de nós. Desde a concepção já temos determinada a conformação de nosso ser e é respeitando esse processo vital que conseguimos nos realizar.
O amor implica deixarmos ser, oferecer tudo de cada um, conhecer e respeitar os ritmos de quem nos rodeia e entender que necessitamos uns dos outros. Desejar o melhor para nós e para os outros.
O trabalho em equipe, a idéia de que vivemos em sociedade. Onde compartilhamos recursos, tempos, objetivos, sentimentos com nossos semelhantes. A cooperação nos permite viver em um ambiente pacífico onde podemos nos realizar, aportar às necessidades alheias, mas sem interferir em seus processos autônomos.
É elementar que entendamos que a cooperação é parte da natureza humana, é parte da vida, o acompanhamento é essencial para o desenvolvimento da vida, a nível celular e a nível social. Desenvolvemos-nos individualmente e no nosso ritmo, mas vivemos em comunidade e nosso crescimento é também o crescimento daqueles que nos rodeiam.
Fonte: http://www.educacionprohibida.org.ar/