terça-feira, 22 de novembro de 2011

Escola da complexidade

 
complexidade Sempre defendi a máxima “quem educa sempre aprende”. Esse ano, uma aluna, de 15 anos, confessou em uma das redações que propus, que um dos seus sonhos, além de ser médica e conhecer sua banda de rock favorita, era poder seguir a vida sendo ela mesma. Fiquei algum tempo pensando naquela frase, questionando qual seria o nosso papel. Afinal, o que a escola pode contribuir para o autoconhecimento e formação do aluno? Acredito também, que o fato de termos vivenciado a escola de uma determinada maneira, não nos impede de repensar nossa atuação. É fundamental discutir a relação professor e aluno e, consequentemente, o significado da expressão “ensino-aprendizagem”, reconhecer a importância dessa relação e reinventar a escola e o seu papel humano de comunicar e formar pessoas.
Os materiais humanos que temos em mãos, as diversas culturas, personalidades, interesses e vivências compõem um mosaico potencialmente belo e enriquecedor, que sem sombra de dúvidas poderiam conquistar um olhar mais atencioso de qualquer educador. Mas esse caldeirão de possibilidades está fadado a uma terrível dicotomia: os hábitos classificadores estão treinados em rotular os destinados ao fracasso e ao sucesso. Nota vermelha ou azul.
Como resultado dessa ausência de reformulações colhemos uma tensão entre todos aqueles que compõem o cenário educacional. O atual sistema, em muitas situações, ainda impõe aos professores um perfil nada amigável, observado inclusive na própria infraestrutura das instituições educacionais, com seus muros altos, grades, cadeados ou portas fechadas. Não como forma de proteção, mas sim de controle, representado também por proibições do tipo: permissão para ir (ou não) ao banheiro, para não falar “gracinha”, para não se expressar, para se manter sentado (e concentrado). Quem nunca conheceu um professor, que tinha em seu discurso um tom ameaçador? Ameaçar é desmoralizar. Se a ameaça se torna relevante no método de ensino está estagnada qualquer possibilidade de educar. Daí, é natural que os estudantes vejam os "professores" como meros capatazes, reprodutores de conhecimento, e não educadores. O instrucionismo, que não confia no estudante, que não o responsabiliza e não estimula a autonomia, só força o condicionamento e a memorização. Jamais poderá gerar o autoconhecimento, que a minha aluna necessita para que siga em frente sendo ela mesma.
O saber carece de sentido para estar integrado ao conteúdo. Não são os simples conhecimentos que dão sentido à vida e estimulam o interesse na escola, mas o valor empregado nesses processos de aprendizagem e contextualizações humanas. Não podemos continuar insistindo em velhas fórmulas defendidas ainda com paixão, mas que colocam uma divisão entre o saber da vida e o pedagógico, deixando os estudantes à mercê de um discurso carente de sentido para eles. Afinal, qual é o sentido de acomodar essas deficiências?
Muito ainda se deve discutir e propagar sobre as implicações das nossas ações em um ambiente de aprendizagem. Compreender e pensar sobre novos sentidos e dimensões, novas tentativas. Vamos refletir para além das burocratizações profissionais necessárias, trazer à tona o que é importante para a prática docente questionando quais os atributos possuímos para melhorarmos nossa atuação como mediador, a fim de para alcançar novas dimensões para a sala aula.
Aqui, o trailler do filme “Entre os Muros da Escola” (que venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes em 2008). Retrata bem o tema abordado. É a história de um professor que se vê diante de uma turma de alunos bagunceiros e acredita que conseguirá “domá-los”, mesmo que seus colegas professores tentem desanimá-lo. Entre esses alunos estão estereótipos facilmente identificáveis: o menino que tem problemas com os pais, aquele outro que é mais tímido, uma garota que é a porta-voz da turma, o bagunceiro de plantão, e por aí vai. Indico que o assistam na íntegra.
Cleide Monteiro
Imagem: complexidade.ning.com


segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Educação é um processo dinâmico!

Sempre vi a educação como algo mutante, dinâmico, crescente. Com esse pensamento fui alvo de críticas, por querer trazer mudanças ao que há muito tempo já vinha sendo feito.
Talvez porque, apesar da intensa adrenalina, aprecio desafios, novidades, ares novos. Discuto modelos pré-existentes: o ser humano é complexo demais para ser analisado sob um único método padronizado. Parto dessa ideia quando analiso também a educação.
Como educadores, temos que ver à nossa frente, um ser pensante, influenciado pela cultura que traz do meio em que vive, com elementos psíquicos próprios e muitos outros detalhes que o diferenciam uns dos outros  numa classe, por exemplo. Dessa forma, há de se ter um olhar específico para cada aluno. Sem contar que cada um tem sua própria maneira de expressar-se a respeito de qualquer estímulo.
Mas como ter essa postura sensível e abrangente em nossa sociedade? Seu trabalho é exaustante, mal remunerado, não reconhecido pelos governantes, pelas famílias.....? Mesmo com toda essa problemática que envolve aspectos nada educacionais, o educador deve ser o gerenciador de mudanças e reafirmo que para que ocorram, é imprescindível uma postura desafiadora, interessada, questionadora, aberta à aprendizagens!
Temos que observar o que gera progresso no processo educacional. Analisar currículos, programas, métodos de avaliação... Temos que, para isso, trazer o aluno para mais perto de nós, conhecê-lo melhor para propor um aprendizado eficaz e efetivo. Podemos errar, mas temos que tentar.
Avaliações, provas... O que estamos medindo? Um exame é capaz de registrar exatamente o que o aluno sabe?
Com minhas turmas, em qualquer série em que atuei, costumava fazer anotações de cada progresso individual; a participação oral durante apresentação de trabalhos, envolvimento em pesquisas, respostas espontâneas, argumentação frente às mais diversas situações, trabalhos em grupos ...enfim, diariamente tinha o perfil do aluno e essas anotações , junto com o que chamava de exercícios com nota (provas para outros), davam-me critérios para avaliar os alunos.
Outra questão que levanto, é sobre o que fazer para que os alunos atinjam as metas curriculares. Como motivá-lo?
Onde trabalhei com currículos adaptados, tínhamos propostas individuais de acordo com as necessidades. Os alunos ficavam após as aulas normais . Mesclávamos aprendizado com as matérias específicas e atividades lúdicas pertinentes ao que se estava trabalhando. Esse trabalho proporcionava ótimos resultados.
Finalizando, não basta preocuparmo-nos apenas com a programação curricular. Educar é um processo amplo, dinâmico, integrado...Temos que estar dispostos a recomeçar sempre e ter a humildade de nos posicionarmos como mediadores entre alunos e aprendizado, procurando adequar-nos ao processo individual de cada educando.

http://elosdosaber.blogspot.com

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Blue School

Blue school  

Sei que no Brasil existem escolas que utilizam métodos pedagógicos mais condizentes com o que propõe a Educação Proibida, mas hoje lhes trago um exemplo do que já existe nos Estados Unidos. Esta é apenas uma das escolas que por lá já vem trabalhando de uma forma mais progressista e voltada para o desenvolvimento integral do aluno.

Blue School

A Blue School abriu no outono de 2006 com o sonho de criar uma experiência alegre, educacional e integrada para as famílias de nossa comunidade e além. Nosso belo edifício novo na Water Street em Manhattan permite à nossa inspirada equipe de professores e administradores servir crianças da idade de 2 anos ao 5° Grau e ter uma base permanente a partir da qual podemos compartilhar o aprendizado com educadores de todo o mundo.

Ao longo de sua jornada na Blue School, as crianças desenvolvem uma compreensão profunda de si mesmas como aprendizes. Como elas exploram o mundo ao redor e dentro de si mesmas, elas adquirem instrumental e motivação interna para perseguir as suas ideias e dúvidas com profundidade e amplitude incomum. Elas estão acostumadas a levar o seu ponto de vista único para os desafios não só acadêmicos, mas também sociais e tem o apoio de que necessitam, dentro da comunidade, às suas grandes chances e de ter sucesso ou não com todo o empenho e humor.

Abordagem

Na Blue School é adotada uma abordagem criança-todo que não apenas identifica o forte vínculo entre todos os domínios do desenvolvimento, mas também reconhece que todos são parte do processo de desenvolvimento curricular. Cada criança se desenvolve entre e dentro dos domínios sócio-emocional, cognitivo e físico de forma única e individualizada. É importante identificar onde cada criança está no processo, a fim de satisfazer as suas necessidades e nível de sua aprendizagem de maneira a apoiar o seu percurso educativo e objetivos de vida.

É implementado um sistema integrado e emergente de, currículo centrado na criança, onde as áreas de conteúdo do mesmo são integradas e interdependentes. Tópicos curriculares emergem dos interesses das crianças e são usados para desenvolver projetos que atingirão o nível do modelo-padrão. Por exemplo, quando engajados em um projeto de uma única classe, as crianças desenvolvem habilidades de alfabetização por meio de resolução de problemas, raciocínio e habilidades de compreensão, e ampliam seu vocabulário enquanto exploram o uso da linguagem. Através deste mesmo projeto as crianças desenvolvem habilidades sociais, tais como troca de liderança, construindo autoconfiança. Elas também usam observação, previsão e reflexão e toda a ciência básica e necessária de matemática. Aprendizagem é integrada em todo o conteúdo e se aprofunda com a integração dos professores especializados.

Um currículo centrado na criança foca e é projetado para atender às necessidades individuais das mesmas. Identifica as necessidades de desenvolvimento, as habilidades, os interesses e os estilos de aprendizagem. O professor é um facilitador da aprendizagem em vez de um diretor. As crianças socialmente co-constroem conhecimento uns com os outros e com os adultos e o desenvolvimento da criança é parte integrante deste contexto social. As crianças são participantes ativos na sua própria aprendizagem e o currículo emerge do interesse, do conhecimento passado, e das experiências das crianças e professores. A aprendizagem torna-se um processo ativo e focado mais sobre o aluno ao invés de sobre o tema ou lição a ser ensinada.

Os professores usam a observação, reflexão e avaliação para identificar o perfil de desenvolvimento de cada criança. Os perfis de desenvolvimento então conduzem o conteúdo curricular, estratégias de ensino e diferenciação de instrução. Isso é referido como um modelo recursivo de planejamento.

Os professores utilizam esses perfis de desenvolvimento em conjunto com cada série de graus do modelo padrão, o escopo e a seqüência e as expectativas de desenvolvimento para se engajar na avaliação dinâmica que ocorre no momento. Professores usam observações, notas de campo, fotografias, portfólios e outras formas apropriadas de documentação feitas por eles e pelos alunos para refletir a aprendizagem que está ocorrendo. Esta informação é então ligada com o modelo de currículo para individualizar, projetar e implementar o currículo que vai dar suporte e níveis de aprendizagem para todas as crianças e alcançar os objetivos individuais e os do nível do grau em que estão.

A abordagem e sua implementação são baseadas em pesquisas, experiências passadas e sólidas teorias educacionais. Blue School, no entanto, também é um ambiente único que incentiva, apóia valores e promove a exuberância, a alegria da aprendizagem, criatividade, perseverança, espírito brincalhão, a verdadeira integração e comunidade. A abordagem fornece uma forte fundação social-emocional para a aprendizagem, incentiva processo versus produto e permite que as crianças sejam livres para serem elas mesmas enquanto exploram e se conectam com o assunto de uma forma que os motiva e utiliza seus estilos de aprendizagem.

Fonte: http://www.theblueschool.org/

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Projeto Imagine it! (imagine-o!)

imagine

É, o mundo está caminhando a passos largos para uma mudança de conceitos e paradigmas. Na educação vejo que já se faz tarde para uma mudança, mas antes tarde do que nunca.

Esta é uma organização sem fins lucrativos que tem como missão inspirar você a imaginar o mundo como um lugar melhor e então envolver-se em solucionar desafios para si mesmo, sua comunidade e seu mundo.

O que eles fazem? Promovem pensamento criativo.

Acreditam que a criatividade e a imaginação são a esperança para um futuro positivo.

Por que? Porque agora é um ponto de inflexão na história humana de mudança aparentemente incontrolável quando o cruzamento de problemas globais, um decréscimo alarmante do interesse dos alunos em ciência e tecnologia e uma "crise de criatividade" convida professores e pais, líderes empresariais e do governo para capacitar os ativos incalculáveis do engenho humano para tornar o mundo um lugar melhor, mais seguro e mais próspero para todos.

O Projeto Imagine-o! é uma comunidade global de professores, pais e alunos que reconhecem que:

- pensamento criativo pode mudar o mundo,

- imaginação em ação é uma força poderosa,

- problemas têm de ser resolvidos agora,

- uma única pessoa pode fazer a diferença.

O projeto disponibiliza vídeos para professores, porém todos em inglês.

Alguns envolvidos no projeto:

MIT

Pixar Animation Studios

Smithsonian Institution

Stanford University

Blue Man Group

FIRST Robotics

Intel

Licoln Center Institute

National Academy of Engineering

National Teacher’s Advisory Council

NewSchools Venture Fund

X PRIZE Foundation

Grupo de peso, não?

Fonte: http://www.imagineitproject.com/